Já é possível visitar "a casa mais bonita do Porto" e fazer prova de vinhos no final


"A casa mais bonita do Porto" pode agora ser visitada todos os sábados à tarde. São vistas guiadas que terminam com uma prova de vinhos e são dois mundos que se juntam, mas que já estão ligados há quase 80 anos, desde que o edifício se tornou a casa dos vinhos verdes. Ainda assim, a história do palacete remonta ao século XIX.


Foi quando chegou do Brasil, em 1871, que o torna-viagem Silva Monteiro construiu a casa que se estabeleceu como um ícone da cidade. O português viveu em Paris e viajou um pouco por toda a Europa para se inspirar na construção do palacete. Já instalado no Porto, tornou-se diretor do Palácio de Cristal, impulsionou a construção do Porto de Leixões, assim como do caminho-de-ferro até à Póvoa de Varzim e foi ainda vice-presidente da autarquia. Um percurso que não impediu que a casa onde viveu ficasse abandonada depois da sua morte. 

Quem passa pela Rua da Restauração não adivinha a riqueza interior do palacete Silva Monteiro. São dezenas de quartos e salas com diferentes propósitos. É possível entrar na sala dourada, com paredes pintadas por Renée Lefèvre, ou na sala chinesa, habitualmente frequentada pelos homens, e depois subir até à sala árabe, reservada para as mulheres. 

Apesar da imponente escadaria logo à entrada, Maria Gonçalves, a pessoa que guia os visitantes ao longo dos três andares do edifício, não tem dúvidas em afirmar que "a cereja no topo do bolo" está lá em cima, junto à claraboia. No local existem quatro medalhões, a que se juntam quatro pinturas que resumem a vida do primeiro dono da casa.


Em duas delas vê-se o Rio de Janeiro, "local onde Silva Monteiro viveu quando se mudou para o Brasil", com as representações da Baía de Guanabara e de "um barco a velejar sobre um mar tumultuoso".

Há também referências a Portugal, com a pintura da "igreja de Massarelos e uma perspetiva do rio Douro", assim como a imagem da Torre de Belém. A presença de um elemento lisboeta pode surpreender à primeira vista, mas Marta Gonçalves explica que, no século XIX, "o negócio da importação e exportação entre Portugal e o Brasil era feito maioritariamente entre Lisboa e o Rio de Janeiro". Só depois as mercadorias partiam da capital rumo ao Porto.

Ligado ao comércio internacional, Silva Monteiro conseguiu viajar um pouco por toda a parte. Viveu em Paris, onde se inspirou para construir o palacete, e trouxe de lá também o gosto pela cultura erudita, que ficou eternizada num dos tetos da casa. Sobre as cabeças dos visitantes estão representados compositores, como Gioachino Rossini ou Frédéric Chopin.

Por entre alusões à maçonaria ou à igreja católica, o palacete Silva Monteiro não podia ser considerado como a casa mais bonita do Porto sem ter uma das vistas mais encantadoras da cidade. É a partir do jardim, uma das zonas com maior "esplendor", que se abre uma porta para o Douro.

Um rio que fez parte da vida de Silva Monteiro e que é também o cenário para a prova de vinhos que os visitantes do palacete são convidados a fazer. "O Porto tem uma série de atrações variadas, mas esta casa também pode acrescentar nesse âmbito" do enoturismo, considera a presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, Dora Simões.

A partir de agora é possível visitar aos sábados o Palacete Silva Monteiro, no Porto. As visitas requerem marcação.

fontes:https://www.tsf.pt/portugal/  fotos: Paulo Pimenta


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